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Minha História

A história da Tati

Vou fazer um breve resumo da minha jornada (sempre começa assim...tentando ser resumo...mas as histórias sobre tentantes geralmente são longas e tristes...)

Em 2004 iniciei as pesquisas para buscar os motivos pelos quais não engravidei depois de um ano de tentativas – tempo que sugerem os médicos como razoável.

Realizei uma histerossalpingografia para verificar as trompas e o resultado foi de permeabilidade.

Este exame realizei em dezembro de 2004; porém somente em dezembro de 2005 fiquei grávida. Como estava tomando indutores de ovulação, com acompanhamento médico, no final de dezembro daquele ano marquei consulta pois imaginava estar grávida, tive alguns sintomas característicos. Chegando no consultório médico, foi feita uma ecografia pélvica, vislumbrando uma pequena massa, que segundo o médico se tratava de um cisto. Voltei pra casa triste e cheia de remédios para tomar.

No meio do tratamento, comecei a ter sérios sintomas, que considerei muito estranhos: desmaiei na rua, tive palpitações, sendo que no penúltimo desmaio, perdi o movimento do lado esquerdo do rosto. Fui socorrida e levada até o trabalho da minha mãe. Minha mãe ligou desesperada para o médico, que lhe disse ser normal e receitou outro remédio.

Até que um dia desmaie pela última vez, sendo carregada direto para o hospital, onde não sabiam o que poderia ser, apostando num cisto “roto”, pois a única coisa que eu conseguia falar é que era este o diagnóstico. Porém ficava mais desacordada do que acordada; minha pressão foi anotada em 5 X2. Para teres uma ideia, não conseguia levantar o pescoço.

Foi então que, como o médico, mesmo após as ligações do hospital, não veio me atender, fui encaminhada para outro médico, que conseguiu estabilizar a minha pressão para que eu pudesse aguardar até o outro dia para operar. Neste momento todos já sabiam que eu estava com hemorragia interna.

Fiz a cirurgia no outro dia e tive a fatídica notícia: não era um cisto, era um bebê que ficara “preso” na trompa esquerda. Pelo fato da espera, aliado a outras complicações que até hoje não entendi bem, acabei perdendo a outra trompa também. O médico me cientificou que a partir daquele momento eu deveria pensar em fertilização in vitro, pois é na trompa que o espermatozoide encontra o óvulo. Ou seja, sem trompas, sem bebê.

Cai em profunda depressão; chorei dia e noite por uma semana a fio. Perdi marido, porque não aguentou a pressão de viver com alguém que sabia dos custos e da total impossibilidade de arcar com eles tão cedo, e que tinha se transformado numa pessoa infeliz, que preferia ficar sozinha, isolada. Meses após, ele teve um caso e engravidou a amante. Para completar a minha tristeza, pois daí não tinha volta mesmo. Sou filha de pais separados e jamais iria quer isso para essa criança que eu nem conhecia. Disse para ele ficar com ela. E fui ao fundo do poço; tive síndrome do pânico; até que resolvi dar uma chance pra vida.

Comecei a estudar, pensando em melhorar a minha condição financeira e poder financiar este tratamento. Neste meio tempo (2008) reencontrei o Daniel, que foi meu colega na 8ª série e nunca tínhamos nos olhado “diferente”. Foi então que o amor e, suas inexplicáveis razões, me tocou novamente. Agora entendo por que nunca tinha me acontecido isso antes, esse amor tão forte e que me tornou ainda mais lutadora, mais confiante, mais guerreira. Ele é meu porto seguro, meu norte...meu motivo para acreditar de novo em mim e na vida. Meu companheiro.

Ocorre que me formei e não tinha conseguido o dinheiro. Fui em busca de alternativas. Encontrei um projeto muito interessante. O projeto Cegonha. A partir de então, fiz novos exames e estou apta a fazer a fertilização. Mesmo sem ter todo o dinheiro ainda, sinto de novo a felicidade. Minha médica, Drª Vanessa Genro, é de uma humildade, uma generosidade incrível; me dá todo o suporte que eu nunca tive.

Tomara que com meu blog, com uma maior divulgação, inclusive das tantas campanhas que ajudo a divulgar, muitas pessoas não precisem passar por tudo isso que passei.

Mesmo sabendo que a FIV ainda não é uma alternativa 100% garantida (é 60%), já me sinto mãe; rezo todos os dias e peço a Deus para que consiga na primeira oportunidade, pois particular não tenho condições e se ingressar agora na lista do sus, talvez quando chamada não tenha mais óvulos ( sem contar que na última videolaparoscopia, tentando recuperar a trompa direita, foram encontrados focos de endometriose inclusive no ovário direito).

Tenho medo, mas tenho fé. E muitos, muitos amigos.

Isso é o meu desabafo; É a minha história. Parecido com os que leio todos os dias e tento responder com muito carinho. Afinal, tudo que precisamos é carinho e atenção, para nos reerguer após as ectópicas, fiv´s frustradas, trombofilias, hipertirioidismo, prolactina alta, tumor da hipófise, entre tantas outras causas de infertilidade que só descobri quando ingressei nesse mundo.

Reinvento o ditado: se a dor ensina a gemer; a solidariedade ensinará a voltar a sorri!

Grande abraço.

Tatiana Brum

Tati – Projeto Bebê da Tati
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